Projeto Político Pedagógico
Introdução
A Escola da Floresta é formada por um grupo de profissionais de diversas áreas que desenvolve ações educativas para a conservação e preservação da biodiversidade. A sede é no Sítio São João que se localiza em São Carlos –SP, Rod. Domingos Innocentini (Estrada do Broa) km 7,8 a esquerda mais 5km de terra.
No ano de 2007, foram iniciados na propriedade alguns projetos de Educação Ambiental. Ao longo dos anos, novos projetos educativos foram surgindo e sendo aperfeiçoados. A equipe de educadoras e educadores desenvolvem roteiros educativos utilizando a estratégia das trilhas interpretativas dentro desse espaço educador que se transformou o sítio. Ressaltando a importância do Ribeirão Feijão, rio que passa na propriedade e é responsável por parte da água de abastecimento da cidade de São Carlos. Além de trabalhar temas relacionados a importância da mata ciliar, da problemática dos resíduos e suas alternativas (5R’s e compostagem), dos cuidados no uso do solo, entre outros.
Acreditamos que a Educação Ambiental é um processo contínuo de construção de práticas educativas reflexivas individuais e coletivas visando as relações igualitárias dos seres em equilíbrio com o meio.
Apresentamos a seguir uma contextualização, um breve histórico do nosso trabalho e um resumo de propostas educativas para estudantes do ensino infantil ao médio.
Justificativa
A definição da educação ambiental é dada no artigo 1º da Lei nº 9.795/99 como “os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade”. Mesmo apresentando um enfoque conservacionista, essa definição coloca o ser humano como responsável individual e coletivamente pela sustentabilidade, ou seja, se fala da ação individual na esfera privada e de ação coletiva na esfera pública.
Vivemos em um momento bastante propício para a educação ambiental atuar na transformação de valores nocivos que contribuem para o uso degradante dos bens comuns da humanidade. Dentre as diversas tendências dentro do campo da Educação Ambiental, acreditamos e trabalhamos dentro da perspectiva da Educação Ambiental Crítica (GUIMARÃES, 2004) referenciada em Paulo Freire e que perpassa as três dimensões (conhecimentos, participação política e valores éticos e estéticos) da prática educativa (CARVALHO, 1999). Educação Ambiental crítica busca compreender a complexidade da relação sociedade-natureza para intervir nos problemas socioambientais.
Nossa equipe considera que não há uma única ou a melhor metodologia a ser usada na Educação Ambiental. Para o desenvolvimento dos projetos elaboramos um roteiro educativo que contemple, além dos objetivos propostos pelo grupo visitante, a compreensão das relações de causas e efeitos dos elementos socioambientais para garantir a convivência e existência de todos seres vivos. Podemos considerar que qualquer iniciativa que os grupos visitantes façam para estimular projetos solidários, cooperativos e transformadores de relações, está dentro da perspectiva dessa educação ambiental que consideramos crítica, reflexiva e contemporânea.
Descrição da unidade
O Sítio São João é uma Unidade de Produção Agrícola e sede do programa Escola da Floresta, constituindo‐se como um excelente espaço educador localizado às margens do Ribeirão Feijão (importante manancial de abastecimento público), na cidade de São Carlos/SP. A propriedade foi adquirida pela família Marchesin em 1972 com a finalidade de produzir alimentos para sustento e comércio e conta atualmente com uma área de aproximadamente 14 hectares. A Figura 1 abaixo mostra em uma imagem de satélite o uso e ocupação do solo na propriedade.

Figura1. Uso e Ocupação do solo no sítio São João.
No espaço demarcado pelo número IV na figura, encontramos as infraestruturas educativas utilizadas pela equipe da Escola da Floresta. Listamos algumas:
- CEA – Centro de Educação Ambiental;
- Quiosque para diversas atividades;
- Banheiros (separado em masculino, feminino e adaptado para cadeirante);
- Viveiro educador;
- Jardim filtrante para tratamento do esgoto de pias e chuveiros (águas cinzas);
- Fossa séptica biodigestora para tratamento de esgoto sanitário;
- Acervo de livros ambientais;
- Composteira;
- Trilhas ecológicas;
- Vista e contato com o Ribeirão Feijão.
- Trilha dos sentidos;
- Escolinha da árvore;
- Pomar Agroecológico;
- Jardim Aquícola;
Histórico
Em 1972, uma parte de terra que pertencia à histórica Fazenda Pinhal, foi adquirida pela família Marchesin e denominada de sítio São João com a finalidade de produzir alimentos. Para isso foi necessário retirar grande parte da floresta causando assim uma degradação no local. Com o passar dos anos e com a instalação do gasoduto Bolívia/Brasil em 1999, houve um envolvimento maior por parte dos proprietários em recuperar as áreas degradadas na propriedade. Teve início, então, a implantação de projetos de conservação e restauração do meio ambiente em prol do Ribeirão Feijão, rio que passa na propriedade e é responsável por parte da água de abastecimento da cidade de São Carlos.
Os projetos de Educação Ambiental tiveram início em 2007 com a finalidade de ajudar a construir uma sociedade mais crítica ambientalmente. Os visitantes conhecem e aprendem alternativas sustentáveis para problemas decorrentes de atividades humanas em áreas rurais e urbanas. Ao longo desses anos foram realizados projetos socioambientais para escolas e universidades da rede pública e particular, empresas e produtores rurais, atendendo cerca de 15.000 visitantes.
Público
- Estudantes de todos os níveis de ensino e suas respectivas famílias;
- Professoras/es de todos os níveis de ensino;
- Demais visitantes interessadas/os na temática ambiental.
Diretrizes
- Coerência entre as atitudes nas atividades e o embasamento teórico do grupo.
- Motivar a esperança das pessoas. Promovendo atividades de vivências com os visitantes e participantes do projeto em prol de formação de valores, de perspectivas de mudanças e de maiores participações nas esferas da sociedade civil.
Objetivos
- Desenvolver ações educativas com objetivo de sensibilizar para a preservação e manutenção da biodiversidade.
- Promover vivências ambientais significativas para a formação de valores pessoais.
- Criar espaços/momentos de diálogo de saberes entre o grupo de educadoras/es, as/os visitantes e as/os trabalhadoras/es do sítio.
- Promover cursos de formação em EA.
Abordagem Metodológica
- EA crítica (GUIMARÃES, 2004) referenciada em Paulo Freire (1992) e perpassando as três dimensões da prática educativa (CARVALHO, 1999).
- Utilização de roteiros educativos por meio de trilhas interpretativas (MATAREZI, 2001;2006)
Estratégias de avaliação
- Permanente, contínua e participativa dentro do grupo.
- Livro de sugestões para os visitantes.
- Estabelecimento de espaços de diálogos para possibilitar a troca de sugestões e avaliações do projeto.
Captação de recursos
- Financiamento por ementas parlamentares.
- Participação como parceiros em editais públicos.
- Pagamentos individuais por visita.
Referências
CARVALHO, L. M. A temática ambiental e o processo educativo: educativo: dimensões e abordagens. In: CINQUETTI, H. S.; LOGAREZZI, A. Consumo e resíduo: fundamentos para o trabalho educativo. São Carlos: EdUFSCar, 1999. p. 19-41.
Freire, P. Pedagogia da Esperança: Um reencontro com a. Pedagogia do Oprimido. Ed Paz e Terra, Rio de Janeiro, 1992.
GUIMARÃES, M. Educação Ambiental Crítica In: LAYRARGUES, P.P. (coord.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: MMA, Diretoria de Educação Ambiental, 2004 p. 25- 34.
MATAREZI, J. Despertando os sentidos da educação ambiental. Educar. Editora UFPR, Curitiba, n. 27, 2006.p. 181-199
MATAREZI, J. Trilha da vida: re-descobrindo a natureza com os sentidos. Revista eletrônica do Mestrado em educação ambiental, 2001.